quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Quando o amor acaba

Quando acabou? A maioria das pessoas não sabe dizer ao certo, mas eu sei. Um dia eu acordei e sabia que ele não estava mais lá. Que ele tinha ido embora. O amor pegou as coisas dele, bateu a porta e saiu pra não voltar.
E não foi culpa de ninguém. Foi culpa da vida, mas a gente não pode exatamente culpar a vida - as pessoas culpam, mas é como culpar o ar pela sua nota em uma prova. A vida é uma coisa tão maior que você e ao mesmo tempo é você - como culpar alguma coisa tão sem substância e tão maleável assim? Não dá, gente. Não cabe.
Como eu ia dizendo, não foi culpa de ninguém. O que acontece é que o amor, como todas as coisas, acaba. Definha. Perde peso. Às vezes se renova, e é bonito quando acontece, mas às vezes não. Não é bonito, mas acontece como tantas coisas acontecem e não são bonitas nem feias - simplesmente acontecem. Também não é triste. Tem uma melancolia própria, mas tristeza? Não. Tem aquela saudade boa, mas não mais do que isso. Não abre um buraco no seu coração, não te deixa sem rumo...é só uma coisa que acontece.
Eu acordei, sentei na cama, respirei e senti. Só senti. Olhei as coisas em volta, as roupas, os perfumes de cada um, as fotos juntos. Peguei uma delas e me veio a sensação de que aquele casal da foto não era mais o mesmo. Nada tinha acontecido; o sentimento que havia naquela foto não estava mais lá. Só isso.
Ele entrou no quarto, olhou pra mim sem dizer nada, sem sorrir. Eu olhei de volta, igual. Eu suspirei, ele sentou na cama. Eu o abracei, ele apertou forte meu braço. Eu senti as lágrimas caindo do meu rosto, o encarei e ele chorava também. A gente se beijou. E foi um beijo bom. Foi um beijo por tudo que a gente tinha vivido. Todas as coisas boas e todas as coisas ruins.

Foi um beijo de despedida.

Eu disse "foi tão bom....". Ele sorriu, segurou meu rosto com as mãos e disse "foi mais do que bom. Foi a melhor coisa que podia ter me acontecido". Se levantou, me deu outro beijo curto e saiu. Me deitei, tentando sentir no gosto do beijo o amor que durante tanto tempo me consumiu - mas nada. É o que dizem, que amor é fogo que arde. Arde mas apaga. É eterno enquanto dura, mas apaga. E quando chega a sua hora, não há lenha que atice. Não é infinito. Apaga.

E o que sobra? Além das fotos, dos presentes, dos amigos feitos juntos, dos amigos dele que viraram meus e dos meus que viraram dele. Sobra o carinho um pelo outro, aquele olhar na mesa do bar que se fosse em outra época significaria muito mais. Sobram as lembranças que valem a pena sobrar (as ruins a gente esquece, ficam pequenas demais com o tempo) - os sorrisos, os abraços, as manhas, o cheiro, o sexo, acordar junto...- e que a gente revive de novo e de novo quando se lembra do filme favorito, da comida que sempre comia junto, das festas que costumavam frequentar. E é bom isso. Amar é bom.

Amor é coisa que acontece.

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