sábado, 17 de outubro de 2009

Gone with the wind

Eu queria mesmo era seguir o vento. Assim, como quem não tem nada a perder, não tem segredos a esconder nem tempo pra desperdiçar. Queria sentir a vida assim, bebendo-a como se fosse picolé num desses verões cariocas, dormindo como se não dormisse há dias, ansiá-la como se estivesse na rodoviária esperando por alguém amado. Queria abraçá-la assim, como se fosse um filho voltando da guerra, ou um marido que me traz um presente tão lindo - presente tão lindo esse, a própria vida.Eu queria era boiar no mar e deixar a maré me conduzir praonde ela bem entendesse. Queria ouvir apenas os sons do movimento sob a água, e os movimentos dentro de mim.Eu queria pular de cabeça nessa vida como quem salta de uma cachoeira sem saber a sua profundidade. Queria sentir a sensação única de voar, de não ter controle do próprio destino e, ao mesmo tempo, ser abolutamente senhor de si. Queria deixar o impacto da vida me dominar, me fazer perder os sentidos para depois me achar, voltar à superfícia com a sensação única de ter sido tão livre quanto os que não têm responsabilidades, metas a serem cumpridas ou deveres a serem feitos.Eu queria seguir uma bússola quebrada, ou os passos do curupira, ou a imaginação de uma criança. Queria entrar numa floresta e não ouvir nada além dos meus pés quebrando galhos, o cochicho das árvores, os pequenos, grandes e pequenos grandes animais ao meu redor. Queria subir numa árvore bem alta, e me deixar enlaçar pela sua beleza e magnetude.Eu queria era botar o pé na estrada, pegar carona com pessoas de boa índole e só depois perguntar praonde estaríamos indo. E eu queria que essas pessoas sorrissem e me dissessem: "Não sei, estou indo com o vento".

Um comentário:

  1. fofa. muito bonitinho o texto! agora só falta postar mais, né?? hunf. estou aguardando!
    beijos querida.

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